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domingo, 6 de dezembro de 2009

Caraguatatuba




Depois de 12 horas de viagem uma nova cidade aguardava por Lorenzo. É uma cidade pequena localizada no litoral paulista, protegida pela serra do mar. Clima quente e chuvoso. Maravilhosa a paisagem. Uma paisagem verde e delicada, diferente da qual estava acostumado na capital das Minas Gerais. Não é uma cidade agitada porém muito divertida. Os onibus não são cheios, as ruas não são congestiodanas, mas isso porque ainda não chegou a temporada. Dizem que durante a temporada a cidade fica agitada. Praias cheias, mulheres maravilhosas, brisa do mar. Agua de Coco, cerveja gelada, o paraiso existe e Lorenzo o descobriu. Agora quer conhecer todo litoral brasileiro, poderia morar um mês em cada cidade. Lorenzo ficara nessa pequena cidade até janeiro de 2010. Não tem destino definido, mas sabe que não voltará tão cedo para as montanhas de Minas. Olhar o por do sol todos os dias a tarde tem feito muito bem para sua alma. Nunca esteve tão tranquilo como está hoje. Pessoas novas. Amizades novas. Lugares novos, tudo isso mudou o sentido de sua vida.

sábado, 28 de novembro de 2009

Litoral

Lorenzo resolveu mudar de vida. Tudo aconteceu muito rápido. Recebeu um telefonema as 17 horas de uma terça feira, arrumou a mochila e foi para rodoviaria sem saber ao certo o que o aguardava. A expectativa como não poderia deixar de ser, era enorme. Uma viagem com previsão de volta acabou se tornando em um possibilidade de terminar seu ano morando no litoral. Sempre desejou morar a beira mar, agora a possibilidade existe. Os últimos dias tem sido interessantes, o stress acabou. Novos ares, novos pensamentos. Voltou a sentir o prazer de descobrir novas perpectivas. Todos estranham seu sotaque, mas ele gosta da sensação de curiosidade que desperta nas pessoas.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A missa


Lorenzo foi criado como uma criança livre, longe de frescura de pais abobados. Andava descalço com os pés na lama, brincava na terra, sentia o frescor da chuva. Teve uma infância simples, porém muito feliz. Aprendeu a ser malandro desde cedo. Era travesso e sempre usava sua esperteza para se safar. Nessa época deixou a timidez de lado, aprendeu na rua a se virar no meio da molecada. Sua avó não o dava mole, mas o deixava andar pelas ruas da pequena cidade tranqüila. Virou “mocinho”, como dizia suas tias. Logo descobriu que não teria mais graça suas brincadeiras de meninos x meninas, agora as queria como amigas. Nunca pensou que isso fosse possível, mas a idade o ensinou muitas coisas. Brincou bastante de cai no poço, e outros tipos de brincadeiras. Quando era um pré-adolescente Lorenzo começou a sair com seus primos mais velhos. Sempre ouvia piadinhas a respeito de masculinidade, garotos adoram esses tipos de piadinhas. Seus primos o atazanava com frases de “efeito”. “Você é veadinho, nunca vimos você com nenhuma menina”. Parece idiotice, mas na época Lorenzo pensava de outra forma e as influencias de seus amigos pesavam demais em sua vida. Todos os meninos são atormentados por essa fase. O que era para acontecer naturalmente virava obrigação.
Lorenzo freqüentava a igreja por força maior de sua avó. Muito religiosa, obrigava Lorenzo ouvir as palavras do padre, não fazia por mal, religião sempre foi muito importante para ela. Lorenzo obedecia, mas acha aquilo tudo o saco, para ele era uma tortura todo aquele sermão da montanha. Lorenzo começou a perceber as garotas que freqüentavam a igreja, isso o deixava mais serelepe. As meninas era a parte boa da missa. Lorenzo as acompanhava feliz da vida, mesmo sabendo que o culto iria lhe dar sono. Todas as garotas da cidade iam para igreja e isso se transformou em um incentivo para Lorenzo. Sua avó o chamava para ir à igreja de manhã, Lorenzo logo pensava em uma desculpa para poder ir a noite. Era obrigado a ir, não importava o horário. Lorenzo achava a igreja de sua cidade linda, ficava observando todos os detalhes de sua arquitetura,observava todas pinturas. Prestava atenção em todas as garotas, prestava atenção em tudo, menos nas palavras do padre. Sua avó desconfiada o pedia para contar como foi à missa, nada que um papelzinho distribuído na igreja não resolvia. Lorenzo guardava o papelzinho da igreja e o entregava a sua avó como prova de sua religiosidade. Sempre entrava na fila da hóstia apenas para ficar perto de alguma garota bonita, ficava lá com a cara mais lavada do mundo, como se fosse um santo. Torcia para que a missa acabasse logo. Em cidade de interior as coisas só acontecem após a missa, esse era o momento mais aguardado por Lorenzo. A missa finalmente acabava e toda a cidade caminhava para o pós-missa na praça principal, livres de seus pecados. Lorenzo saía da igreja com mais pecados do que no momento em que entrava. Ele e seus amigos iam para o pós-missa todos empolgados para verem as gatinhas, todas super produzidas para o dia “d” da semana. Lorenzo nunca tinha um centavo, sempre andava duro, afinal para visitar a casa de Deus dinheiro não era necessário, pelo menos essas eram as palavras de sua avó. Isso porque ela não via o olhar atravessado do coroinha para Lorenzo no momento em que ele recolhia as oferendas na sacolinha da igreja. Quando sua avó o dava dinheiro para oferenda Lorenzo o embolsava e mentia com firmeza a respeito.
Na pracinha da cidade Lorenzo ficava fofocando com os amigos sobre as garotas bonitas que ele avistava, sempre faziam isso, já que não tinham idade e nem coragem suficientes para buscar um bate papo. Quando viam um casalzinho discretamente irem atrás da igreja ficavam imaginando quando fariam o mesmo ato.
Lorenzo era precoce naquela época e a pressão imposta pelos primos ficava cada dia maior, a gozação o deixava aflito. Tinha vontade que seu primeiro beijo acontecesse logo, afinal era necessário "impressionar" os amigos, coisa de moleque juvenil. Depois de uma das muitas missas que Lorenzo freqüentou, foi obrigado a conhecer uma garota que era interessada por ele, não queria para não ser zuado por seus amigos, já que eles não perdovam nada. Mas derrepente ele perdeu o medo da gozação e foi conhecer a garota. Ela uma garota muito tímida o que deixou Lorenzo mais a vontade. Fingiu já ter passado por aquela situação, pegou a pela mão, sentiu uma mão fria e tremula. Levou-a para atrás da igreja sem trocarem uma palavra por alguns metros, não sabia o que falar naquele momento, o silencio fez com que Lorenzo a segurasse no rosto, e a beijasse. Seu coração explodiu naquele momento. A gúria tremia, tremia, e tremia, Lorenzo achou aquilo estranho, mas ficou na dele. Seu primeiro beijo foi também o primeiro beijo daquela tímida garota. Enquanto a beijava não sabia se parava, se continuava, nem o que falaria, só o restou beija-la, beija-la, beija-la, Lorenzo achou muito estranho e muito bom ao mesmo tempo. A ansiedade foi embora. Pararam de se beijar. Lorenzo conseguiu falar algo de engraçado, arrancou um sorriso da garota. A levou até as amigas e foi embora feliz da vida imaginando a missa do domingo seguinte.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Dilacerado

Muitas vezes acabamos desviando nossas vidas para um rumo que de certa forma não nos transporta a lugar algum. É ruim sentir-se parado no tempo. A sensação de impotência é inevitável e inexplicável. Um pequeno deslize pode definir toda trajetória de uma vida, consertá-la parece impossível. Muitas vezes tomamos decisões completamente equivocadas acreditando fielmente que elas são as melhores possíveis. Errar é humano, mas fuder com sua vida não tem nada de engraçado. Lorenzo sente-se perdido. Não sabe qual caminho seguir. Sua vida está passando rapidamente debaixo de seu nariz, a sente escapar. Tem dia que acorda completamente animado e bem humorado. Há dias em que o desanimo simplesmente o derrota. Sente-se um traste, um fardo. Pensa nos últimos anos de sua vida a qual julgava os melhores. Hoje ele enxerga como seu caminho é recheiado por enormes pedras, e que nem sempre fez boas escolhas. Tem convicção que ainda há tempo para consertá-la. Lorenzo está cansado de ser julgado, de ser pressionado, de sentir raiva. Definitivamente este é o ano mais difícil e complicado de sua vida. Nunca pensou que a situação seria tão cansativa. Hoje ele está tenso, nervoso, chateado, e isso o derrota ao fim do dia. Lorenzo quer ser feliz. Felicidade, como deseja lembrar o significado dessa palavra, tempos que não a vê presente em sua vida. Não acredita que a situação possa piorar, chegou ao fundo do poço. É o momento mais complexo de sua vida, no fundo reconhece a importância deste momento para sua formação. Um aprendizado de vida faraónico. Sabe que essa tortura logo acabará, e sairá fortalecido dela. Nunca pensou que a vida fosse fácil nesse sistema de merda, mas também não esperava que fosse tão difícil.

domingo, 13 de setembro de 2009

Back into the hole where I was born


Lorenzo foi obrigado a parar sua moto antes da passagem de nível. Impedido por um segurança viu a cancela descer. De longe ouviu sua buzina imponente. Os trilhos começaram a estalar. Aos poucos a grande máquina apontou na curva. Após alguns segundos estava a sua frente, um amontoado de metal. Sentiu o cheiro do oléo diesel queimado. Sempre gostou de trem, mas aquele era especial, o famoso "trem de passageiros". Era exatamente sete e quarenta da manhã acabara de sair da Praça da Estação. Tirou o capacete para visualizá-lo melhor. Inevitável não lembrar das vezes que subiu naquele trem. Esperou atentamente pelo primeiro vagão, viu alguns olhares curiosos em sua direção. De suas janelas as pessoas espiavam. Eu de minha moto e os motoristas atrás de mim também espiavamos calados. Quando via um rosto sorrindo ficava a imaginar seu destino. Trem de passageiro, impossível não se encantar com ele.
Quando criança ao ler seus livros de história, Lorenzo imaginava uma viagem pelo interior do Brasil através dos trilhos. Sempre adorou filmes de faroeste em que ladrões saltavam de seus cavalos em direção aos trens de bancos. Quando criança o trem deixou de passar por sua cidade durante alguns anos. Recebeu com euforia a notícia que ele voltaria a passar por aquelas bandas. Sempre ouviu histórias da época em que ele passava nos trilhos perto de sua escola. Claro que no dia de seu retorno a aqueles trilhos, Lorenzo queria o ver com seus próprios olhos, ficou ansioso na escola. Ao apontar oito e cinquenta em seu relógio não se conteve, pulou o muro da escola para ver o trem passar. Ficou a beira daquele pontilhão metálico acenando para os passageiros do trem, achou o máximo. Voltou para escola mas a suspensão foi inevitável.Sua avó adorou a notícia do neto fujão. Mas valeu a pena.
Agora estava ali, na frente daquele trem anos mais tarde. As crianças acenavam dos vagões, não se conteve e ficou acenando para elas. Percebeu os olhares indiferentes de alguns motoristas, não se importou com isso.
Lorenzo adorou a primeira vez que subiu naquele trem, nem ligou para as doze horas de viagem, e nem com o minério prateado em seu rosto. Foi uma das melhores viagens que fez em sua vida, simplesmente por ter ido de trem. Sempre que volta a sua cidade dá um jeito de subir em algum daqueles vagões. Paisagem maravilhosa. Hoje ele desce logo na segunda estação, mas não tem problema, adora o pouco tempo de viagem. Sempre com sua câmera a mão, corre para área de fumantes. Adora aquele espaço, não pelo fato de poder fumar no trem, mas pelas amplas janelas que aquele espaço possui, excelente para fotografar a paisagem.
O trem sempre fez parte de seu imaginário, lembrou da fez que levou uma moeda para ser esmagada pelo peso daquela máquina, a guardou por muitos anos, pena que a perdeu. Sempre sonhou com viagens clandestinas em seus vagões, mas claro, nunca teve coragem para tal façanha. O tempo de moleque passou, assim como o trem a sua frente. A cancela sumiu, Lorenzo ligou sua moto e foi embora, mas seu fascínio por aquele grande máquina não o abandonará.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Lorenzo passou em seu blog hoje, isso mesmo que você leu, passou em seu blog, esse texto é sobre você mesmo, ele sorrir ao escrever isso. Sempre ao entrar na internet dá uma espiada, e fica pensando, será que ela escreveu? Sim, ela escreveu, "correr" para ler. Lorenzo entra em seu blog, não o dele, mas o seu mesmo cara leitora. Ficou impressionado quando o leu pela primeira vez, surpreendente ele pensou. Ficou com aquilo na cabeça, sabia que no primeiro momento, na primeira oportunidade falaria isso a vossa timidez, não resistiu, teve que elogiar. O encantamento dura até hoje, adorar ler seus textos. Nunca trocaram uma palavra antes, mas aquele blog quebraria o gelo. A rotina de Lorenzo mudou esses dias, anda sumido, porém sempre espia aquele blog, tornou-se um vício gostoso, adorou o encantamento, adorou seus textos. Nas memórias de Lorenzo faltava um texto sobre você, hoje ele escreve com mais frequência graças aquele blog. E ele é grato a você por isso. Novamente ele sorrir ao escrever issoe recomenda esse mundo é muito mais amplo e colorido que uma casca de ervilha.

domingo, 30 de agosto de 2009

"Corre que um elefante sentou no seu carro"


Depois de 1 ano esperando finalmente Lorenzo matou sua vontade de curtir o show do Nação Zumbi. Tudo bem, era uma calourada mas o show não deixou nada a desejar. Encontrou os amigos, tomou algumas geladas como é de costume e foi curtir o show. Lorenzo não desgrudou os olhos do palco, queria ouvir as músicas do último CD, apenas uma ficou fora do repertório. Lúcio Maia teve uma atuação impecável, manobrou maravilhosamente sua guitarra, com direito a dar um tapa em um baseado no palco. Hilário seu comentário: "Vocês não me passaram a bola agora eu também não passo." O público canabista foi ao delírio. Funcionou como um aditivo aquele baseado, sua apresentação foi muito foda. Maracatu da pesado, muito boa a performace e pegada da banda ao vivo. O palco estava montado a baixo daquele céu maravilhosamente estrelado, logo a baixo da constelação de escorpião, muito bem reparado por uma amiga. Uma hora e meia de show, pouco para as expectativas de Lorenzo, mas isso devido a ância que estava de assistir aquele show. Faltou apenas uma aditivo para Lorenzo alcançar seu ápice, ai sim a noite seria perfeita. Mas valeu muito a pena. Lorenzo esparradamente se divertiu, contou casos a seus amigos. Como sempre seu espírito de comediante tomou conta de si diante seus amigos. Depois de muitas risadas Lorenzo voltou para casa feliz e satisfeito.

sábado, 22 de agosto de 2009

Lorenzo e a cozinha...Incompleto Continua!


Lorenzo aprendeu a cozinhar na marra. Porém, antes cozinhava para não ficar com fome, hoje não, cozinha para satisfazer sua vontade de agradar. A cozinha é vista como um atelie, sente-se um artista, um profissional. É um egoísta na hora de preparar, parece um cão de guarda defendendo seu território. Não gosta que mexam em nada sem seu consentimento, se acha um fresco nesse aspecto, mas uma mão despreparada não entenderia a idéia de preparo presente em sua cabeça. Temperos, um colorido de ingredientes, aromas, formas, detalhes, descobriu que cozinhar é uma arte, é amor e se descobri apaixonado pelo encantamento de preparar alimentos. Naquele momento gosta de ficar sozinho, a surpresa faz parte do teatro real da cozinha. Concentrá-se ao máximo. Sente-se como se estivesse criando suas esculturas de argila. Pensa em cada detalhe, nisso se tornou detalhista. Não falo que sua comida seja maravilhosa, mas o que ele sente ao cozinha, é como o sentimento de produzir algo. Mas o melhor está por vir, cozinhar é uma arte, mas servir alguém, dar de comer, alimentar, saciar a fome, isso sim complementa todo espetáculo. Picar uma cebola é maravilhoso, as lágrimas provocada por ela são de puro agradecimento, tristeza, Lorenzo aproveita esse momento para pode chorar sem vergonha, homem não chora. A sensação de perceber um sorriso indiferente ao vê-lo pincelando com facas, cebolas, alhos o deixa maravilhado. Sempre passa um pensamento "mineires" em sua cabeça ao produzir sua arte: "Acha que não sei né". Ele é um bom aluno, quer aprender muito mais. Viu o filme "estomago", simplesmente adorou, indentificou-se com o prazer culinário. Lorenzo queria ter alguém especial para quem cozinhar, aprender o preparo de um prato especial, sofisticado. Ele acha que levar a amada para um restaurante é encantador, porém poder deliciar-se ao preparar uma comida especial, acompanhado pela pessoa especial seria perfeito. Um bom vinho, comida com amor e feita por suas mãos, coisa de homem moderno. A arte de cozinhar deve alinhar-se a arte de servir bem e Lorenzo tem mostrado que leva jeito para coisa.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Mola Propulsora


Lorenzo novamente está cheio de expectativas. O destino o reserva alguma boa surpresa. Ainda não sabe o que é, mas pressente que algo novo acontecerá e o mudará completamente. Acho que é a felicidade que está chegando em sua vida. Lorenzo passou por momentos de tristeza, porém já o superou. Lorenzo voltou a senti-se aquela boa energia que o envolvia antigamente, esse foi um ano difícil, mas Lorenzo o superou. A fragilidade ficou para trás, não fuma como antes, não bebe como antes, realmente não tem saído, isso fez um bem em sua vida. O ano anterior foi conturbado, cheio de alegrias e frustrações, deixou as derrotas no passado e começou a mentalizar apenas as alegrias para seu futuro. Descobriu novamente como o mundo é cheio de novidades e de pessoas interessantes. São múltiplas as possibilidades, o aprendizado, a troca de experiências. Que bom que Lorenzo acordou a tempo para perceber esses pequenos detalhes. Esse é o Lorenzo que todos querem, que todos sonham. Lorenzo amigo. Lorenzo engraçado. Lorenzo divertido. Lorenzo feliz. O velho Lorenzo porra louca de tempos atrás, mais responsável é claro. Lorenzo descobriu que "o encantamento é a mola propulsora" e que sua mola estava enferrujando, assim que percebeu correu para trocá-la. Ufa! Trocou a tempo. Voltou a se encantar com coisas simples, tinha esquecido dos detalhes da vida, o que dá brilho a ela. Um belo sorriso. Um papo descontraido. Uma amizade. Lorenzo sempre foi feliz, apenas não tinha se ligado a esse fato, feliz consigo mesmo. E a felicidade estava novamente de volta na inacabada estrada torta de sua vida.



sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Cabeça Vazia


Sexta feira. Dia 07/08/2009

Lorenzo já não aguentava mais as incertezas que forçavam sua mente. As preocupações o atormentava. Aconteceu de tudo nos últimos dias. Semana infernal. Estava completando exatamente uma semana em que tinha conhecido a sensação da morte e sua vida de já estava intediada. As dores físicas já tinham passado. Estava aflito. Estava nervoso. Sua mente estava impregnada de pensamentos ruins. Pensamentos de merda! Essa definitivamente não foi das melhores semana. Nunca se viu tão flor da pele. Acho que nem um pouco de amor ajudaria naquele momento. Lorenzo já não tem mais vinte anos. Tornou-se homem. As incertezas pela qual atravessava bloqueava seus pensamentos, não deixava fluir sua criatividade. Estava com as mãos atadas. Fazia tempos que Lorenzo não tinha uma atitude saudável. Resolveu caminhar. Que idéia mais idiota aquela, sair por ai andando sem rumo. Pelo menos era o que seu lado racional tentava persuadí-lo. Nem ele próprio achou que teria ânimo. Mas não desanimou, calçou um tênis, tirou a camisa e saiu pela rua em direção a Avenida dos Andradas. Agora era tarde, não queria voltar para casa, ja tinha ficado na frente do computador o dia inteiro. Precisava suar, sentir o calor da rua, respirar a poeira do chão. Uma parte de Lorenzo ria dele mesmo, aquela frase bem ao fundo tentava convencê-lo a voltar para casa..."ficou louco de vez, só faltava essa"...Mas aos poucos a angústia o abandonara. Lembrou dos tempos de atleta de cidade do interior, dos treinos de handebol, das corridas pela cidade com seu amigo Eduardo, um louco varrido naquela época. Lembrou das gatinhas da adolescencia, das "galinhagens" em que se meteu naquele tempo, das suas primeiras experiências no mundo feminino. Continuou a andar. Quando começou a caminhar achou que não passaria de alguns metros já que adorava atitudes prejudiciais a vida de uma atleta. Chegou no Horto. Resolveu caminhar um pouco mais. O stress ficou para trás, estava caminhando forte, viril, imponente, quase uma corrida. Quanto mais suava mais se sentia bem. Lorenzo descobriu que estava preocupado com "picuinhas", coisas idiotas. Quase morreu numa semana e se preocupando com "merda" na outra. Pensou na mulher ideal enquanto caminhava. Qual seria a que o completaria como ser humano, a que seria o fogo do seu baseado, a espuma de sua cerveja, o edredon de sua cama, a companhia perfeita. Não desistiu de sua procura, ela está perdida por ai, é apenas questão de tempo de se encontrarem. Lorenzo sempre esteve ansioso para conhecê-la, mas isso é uma outra história,. Incrivelmente Lorenzo chegou no centro da cidade. Admirou-se pela própria "façanha". Fumante, errado, intenso, esse é Lorenzo. Nunca pensou que chegaria no centro um dia caminhando, sentiu-se ótimo. Cabeça vazia, tranquilo, sereno. Deu um sorriso largo, viro-se e marchou de volta para casa. Na volta foi mais ousado, voltou correndo surpreendido consigo mesmo. Sabe que resolverá seus problemas, nunca se abateu com eles e não seria agora que iria se abater. A vontade de fumar naquele dia ficou para trás. Que venha o próximo!

domingo, 2 de agosto de 2009

Pancada


Dia 30 de julho de 2009. Lorenzo acordou cedo, ficou com preguiça de ir trabalhar. Aquele seria um dia importante. Dia de fechar negócios. Aprendeu a gostar de dinheiro, não se tornou um individuo fútil, apenas se entregou ao capitalismo. Estava cheio de planos. Planejou suas visitas, suas rotas e todos os detalhes para aquele dia. Estava com a agenda cheia, quatro empresas para serem visitadas, agenda cheia. Resolveu passar na empresa antes de realizar suas visitas, queria tirar umas dúvidas e resolver uns detalhes. Depois de resolvido os detalhes saiu para almoçar com seus amigos de trabalho. Após o almoço recebeu os contratos que deveria levar para seus clientes. Conferiu sua rota no mapa e foi embora, mal sabia o que o aguardava.
Estava atrasado como sempre. Lorenzo nunca foi pontual. Montou em sua moto e foi atrás de alguns reais. Saindo da empresa errou o caminho e ficou perdido no centro, mesmo com toda a rota conferida conseguiu se perder, algo normal de se acontecer com Lorenzo. Tudo na vida de Lorenzo acontece com muita intensidade, as coisas sempre desenvolvem da forma mais complicada, mais intensa. Lorenzo é um cara intenso, impressionante. Ele pensa que a vida deve ser intensa, segundo ele a vida necessita de intensidade, senão ela não tem sentido algum. Lorenzo é intenso no trânsito, gosta de agitação do trânsito. Conseguiu sair do centro, queria ir para Pampulha, sentiu seu celular fibrar no bolso de sua calça. Parou a moto, atendeu o celular, era um cliente chato, reclamando o atraso, Lorenzo já o enrolava a vários dias.O enrolou novamente, cliente satisfeito, desligou o celular e voltou para o trânsito.
Seguiu sentido a Lagoinha de onde ganharia a Av. Antônio Carlos, pelo menos essa era sua intensão. O dia de trabalho de Lorenzo acabaria no próximo sinal. Lorenzo distraiu, avançou uma parada obrigatória. Deperou-se com uma enorme parede de aço azul. Capacete na parede, corpo ao chão. Lorenzo acabara de sofrer seu primeiro acidente. O estrondo foi enorme, achou que seria sua última visão, aquela parede imponente azul, ainda iria ver muita coisa, o asfalto foi a segunda delas. Ralados, roupa rasgada, veiculo destruido, Lorenzo venceu sua primeira batalha contra a morte, ele sabe que muitas ainda virão. Acendeu um cigarro para comemorar, que irônia.

quarta-feira, 15 de julho de 2009





Seguindo para Lagoa Santa pela Linha Verde, uma construção gigantesca chamou a atenção de Lorenzo. Impossível não admirá-la. Lorenzo não conseguia tirar os olhos da construção, mesmo estando a cem Km por hora em sua moto. Não pensou no quanto estaria sendo investido ali, apenas ficou encantado pelo que via. Havia pouco menos de um ano que passou por ali, ficou assustado com tamanha transformação ocorrida em tão pouco tempo. Lembrou que se tratava de um projeto de Niemayer para a nova sede do governo mineiro. Uma obra imponente, grandiosa, colossal, novo cartão de visitas da capital mineira. Lorenzo lembra-se da praça e o prédio da estação com aquela estátua forte, viril, musculosa, carregando a bandeira do estado representando a força das Minas Gerais. A estação era a porta de chegada de todo visitante a Belo Horizonte, uma obra bonita e imponente na sua época. Hoje os visitando não mais adentram a capital pela estação. O transporte de magnatas não é mais o trem de ferro. Confim transformou-se no principal aeroporto mineiro, a linha verde uma linda estrada de luxo é a principal passarela até a capital. Impossível passar por ela e não admirar aquela colossal maravilha arquitetônica. Lorenzo tirou o chapéu para o “morto-vivo” Niemayer. Passaram-se os anos, os governadores, mudaram-se os cartões postais, mas a necessidade de mostrar Minas como um estado imponente e viril ainda continua.

sábado, 11 de julho de 2009


Lorenzo sentiu-se solitário, não estava sozinho por completo, porém a solidão imperava dentro dele, era ruim aquela sensação, a solidão o consumia. Seus amigos tinham viajado, estavam com as namoradas, fazendo novas amizades, enfim. Sentiu-se jogado as traças. Lorenzo não teve com quem sair no fim de semana, foi a primeira vez que isso aconteceu, logo ele, uma pessoa tão popular, tão cheia de amigos, porém ele anteriormente a essa situação ele optou por isso, ficou recluso por um tempo, necessitava de um tempo para si próprio, sua vida estava passando por um momento de transformação, teve que dar um tempo, parar, pensar, para então dar continuidade. Sua vida estava como um carro desgovernado perdido numa estrada no meio do nada. Nesse tempo Lorenzo descobriu que é uma pessoa carente, que precisa de companhia, alguém para conversar, discutir, contrariar, não gosta de sentir-se abandonado. Lorenzo define o ser humano como carente de natureza. Todos querem carinho, atenção, querem ser o centro das atenções, mas quem não gosta disso, mesmo os tímidos acredito que no fundo desejam isso. Ele descobriu que a felicidade tem que ser compartilhada com alguém, ninguém é feliz sozinho. Lorenzo gosta da sua privacidade, gosta de ficar sozinho em momentos apropriados, mas prefere a companhia dos amigos. Atualmente as coisas são mais fáceis, a sociedade rompeu com as distâncias existentes em relação à comunicação. Lorenzo tem celular, e-mail, MSN, Orkut, sinal de fumaça, entre outros, quando bate aquela saudade, ele aperta oito dígitos e num piscar de olhos está a conversar, a fofocar, a namorar, a divertir. Receber vídeos, músicas, vozes, entre outras possibilidades, a vida de Lorenzo está mais digitalizada, até suas relações se tornaram mais virtuais, e o mais estranho de tudo, mesmo sem a presença física de seus amigos, Lorenzo “solitário” em seu quarto não se sente sozinho, é muito contraditório. Lorenzo acha tudo isso muito estranho!



Lorenzo acordou cedo, seu corpo pediu para que levantasse, normalmente acorda com preguiça de levantar, mas nesse dia não, precisava ouvir uma música. Lorenzo é assim, gosta de um bom som logo quando acorda, transforma seu dia, diz ele. Ouviu a mesma música duas vezes, agora sim está preparado. Escovou os dentes, tomou um banho, fez à barba, ritual a qual não estava acostumado a realizar com freqüência, agora é rotina a cada dois dias, e olhe que sua barba é super sem vergonha, barba de moleque. Voltou para seu quarto, tinha que se arrumar, queria ficar o dia todo de cueca em seu quarto, mas isso não era possível. Vestiu sua farda de pingüim adestrado, tomou um café amargo, estava enjoado de adoçante, pegou sua pasta, colocou seu capacete, subiu em sua magrela vermelha e foi em busca do orgulho que todos esperam receber. Esse é a melhor parte do trabalho. As idas e voltas, o transito, a correria. Lorenzo é alucinado pelo trânsito, esquece dos problemas, é a sua terapia. O trânsito seria um saco se estivesse de carro ou de ônibus, mas a magrela lhe proporciona algo que esses veículos não possuem numa grande cidade, agilidade. O engarrafamento se transforma em um enorme quebra-cabeça, é necessário pensar rápido, ou o trânsito o engole. Quanto mais caótico o trânsito mais “divertido” é para Lorenzo. Acha o máximo ultrapassar, embrenhar-se nas brechas entre os carros, ouvir os insultos dos mais nervosos. Gosta de reparar as pessoas em seus carros nos sinais de trânsitos, sem contato com o externo, trancafiados naquela micro-atmosfera. Pela expressão de seus rostos percebe-se o nível do stress causado pelos engarrafamentos, enquanto Lorenzo se vê preso apenas quando o sinal fecha. “Abriu!”, primeira na magrela, “tchau e bença”. Na verdade Lorenzo a paixão de Lorenzo não é o transito, não é pela magrela, mas sim pela cidade, pela vida metropolitana, pela correria do dia-a-dia, pelo caos, pela agitação e tudo isso consome Lorenzo. Lorenzo é o típico urbanóide que nasceu em uma cidade do interior e felizmente deixou a “colônia” e transferiu-se para “metrópole”.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Papo de Morro


- Alô?
- Alô!
- Firmão truta?
- Pela Ordi!
- Fortalece o irmão, sangue!
- Pode crê!
- Quando volta aqui na quebrada?
- Quando o morro tiver as pampas, tá ligado?
- Tá sujeira, a cachorrada tá na área, fica na sua!
- Pode crê, fica na fé!
- Falou!
- Tô ligado...Some não!
- Fica com Deus!

sábado, 4 de julho de 2009

Lorenzo começou uma nova etapa em sua vida. Não mais usa aquela calça jeans desbotada, largou o velho tênis encardido, abandou os brincos, fez a barba, cortou o cabelo e se deixou engolir pelo sistema. Descobriu que era inútil lutar contra as imposições do capitalismo, teve que arrumar um emprego e se tornou escravo dele. Enforcado pela gravata, constrói um personagem para si mesmo durante a semana. É um excelente ator, atua como ninguém, aquele não é ele, é apenas uma máscara, uma proteção para si mesmo, uma fantasia que parece real. Lorenzo acha um saco tudo aquilo, mas não pode fugir, a vida tem suas chatices. Tudo era mais fácil quando era criança, a vida se tornou monótona com o passar dos anos. Para alguns esse processo se chama evolução, amadurecimento, para Lorenzo é cativeiro.
Ele tem consciência da sua insignificância perante o sistema, o sistema o despreza. É apenas mais um cartão de crédito perambulando na metrópole. Lorenzo não tem valor pelo que é, mas sim pelo que tem. Lorenzo é uma conta bancária, um carro, um apartamento da zona sul, umas roupas bacanas, o relógio em seu braço, o celular da moda. Essa parafernália o transforma em um grande merda. Porém para entrar em campo é necessário construir um personagem de merda, essa é a regra do jogo.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Vadio...

Lorenzo vestiu sua jaqueta de couro naquele dia ensolarado, preparou sua bagagem, arrumou seu equipamento fotográfico, conferiu tudo, completamente em ordem. O tanque de sua moto estava completo, não lhe faltava nada. Ganhou a rua, logo à cidade ficaria para trás, não planejou um roteiro, apenas queria ganhar a estrada como um cão vadio correndo por ai. Simplesmente decidiu sair, ficar um tempo fora. Cansou da monotonia que tomava conta de sua vida. Queria fazer algo novo, sendo a primeira idéia que veio em mente foi comprar aquela moto, companheira inseparável, amiga de viagem, ótima escolha.
Ganhou a estrada e acelerou forte, quanto mais se afastava, mais aquela sensação de prazer ganhava seu corpo, logo estava sorrindo, cantarolando um velho rock and roll. Sua mente tranqüilizou. O stress já não o dominava, pela primeira vez sentiu sua mente vazia, serena, nada de preocupação. Estava sozinho, porém nunca se sentiu melhor.
Após muitos quilômetros rodados deparou com uma placa indicando a direção do litoral, resolveu conversar com Atlântico. Parou para fotografar a paisagem, alguns carros passavam acelerados por ele com seus passageiros curiosos a observá-lo, “coisa de quem não tem o que fazer”, devia ser os comentário em seu interior. Clicou por alguns minutos, subiu em sua moto e foi em direção ao mar.