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quarta-feira, 15 de julho de 2009





Seguindo para Lagoa Santa pela Linha Verde, uma construção gigantesca chamou a atenção de Lorenzo. Impossível não admirá-la. Lorenzo não conseguia tirar os olhos da construção, mesmo estando a cem Km por hora em sua moto. Não pensou no quanto estaria sendo investido ali, apenas ficou encantado pelo que via. Havia pouco menos de um ano que passou por ali, ficou assustado com tamanha transformação ocorrida em tão pouco tempo. Lembrou que se tratava de um projeto de Niemayer para a nova sede do governo mineiro. Uma obra imponente, grandiosa, colossal, novo cartão de visitas da capital mineira. Lorenzo lembra-se da praça e o prédio da estação com aquela estátua forte, viril, musculosa, carregando a bandeira do estado representando a força das Minas Gerais. A estação era a porta de chegada de todo visitante a Belo Horizonte, uma obra bonita e imponente na sua época. Hoje os visitando não mais adentram a capital pela estação. O transporte de magnatas não é mais o trem de ferro. Confim transformou-se no principal aeroporto mineiro, a linha verde uma linda estrada de luxo é a principal passarela até a capital. Impossível passar por ela e não admirar aquela colossal maravilha arquitetônica. Lorenzo tirou o chapéu para o “morto-vivo” Niemayer. Passaram-se os anos, os governadores, mudaram-se os cartões postais, mas a necessidade de mostrar Minas como um estado imponente e viril ainda continua.

sábado, 11 de julho de 2009


Lorenzo sentiu-se solitário, não estava sozinho por completo, porém a solidão imperava dentro dele, era ruim aquela sensação, a solidão o consumia. Seus amigos tinham viajado, estavam com as namoradas, fazendo novas amizades, enfim. Sentiu-se jogado as traças. Lorenzo não teve com quem sair no fim de semana, foi a primeira vez que isso aconteceu, logo ele, uma pessoa tão popular, tão cheia de amigos, porém ele anteriormente a essa situação ele optou por isso, ficou recluso por um tempo, necessitava de um tempo para si próprio, sua vida estava passando por um momento de transformação, teve que dar um tempo, parar, pensar, para então dar continuidade. Sua vida estava como um carro desgovernado perdido numa estrada no meio do nada. Nesse tempo Lorenzo descobriu que é uma pessoa carente, que precisa de companhia, alguém para conversar, discutir, contrariar, não gosta de sentir-se abandonado. Lorenzo define o ser humano como carente de natureza. Todos querem carinho, atenção, querem ser o centro das atenções, mas quem não gosta disso, mesmo os tímidos acredito que no fundo desejam isso. Ele descobriu que a felicidade tem que ser compartilhada com alguém, ninguém é feliz sozinho. Lorenzo gosta da sua privacidade, gosta de ficar sozinho em momentos apropriados, mas prefere a companhia dos amigos. Atualmente as coisas são mais fáceis, a sociedade rompeu com as distâncias existentes em relação à comunicação. Lorenzo tem celular, e-mail, MSN, Orkut, sinal de fumaça, entre outros, quando bate aquela saudade, ele aperta oito dígitos e num piscar de olhos está a conversar, a fofocar, a namorar, a divertir. Receber vídeos, músicas, vozes, entre outras possibilidades, a vida de Lorenzo está mais digitalizada, até suas relações se tornaram mais virtuais, e o mais estranho de tudo, mesmo sem a presença física de seus amigos, Lorenzo “solitário” em seu quarto não se sente sozinho, é muito contraditório. Lorenzo acha tudo isso muito estranho!



Lorenzo acordou cedo, seu corpo pediu para que levantasse, normalmente acorda com preguiça de levantar, mas nesse dia não, precisava ouvir uma música. Lorenzo é assim, gosta de um bom som logo quando acorda, transforma seu dia, diz ele. Ouviu a mesma música duas vezes, agora sim está preparado. Escovou os dentes, tomou um banho, fez à barba, ritual a qual não estava acostumado a realizar com freqüência, agora é rotina a cada dois dias, e olhe que sua barba é super sem vergonha, barba de moleque. Voltou para seu quarto, tinha que se arrumar, queria ficar o dia todo de cueca em seu quarto, mas isso não era possível. Vestiu sua farda de pingüim adestrado, tomou um café amargo, estava enjoado de adoçante, pegou sua pasta, colocou seu capacete, subiu em sua magrela vermelha e foi em busca do orgulho que todos esperam receber. Esse é a melhor parte do trabalho. As idas e voltas, o transito, a correria. Lorenzo é alucinado pelo trânsito, esquece dos problemas, é a sua terapia. O trânsito seria um saco se estivesse de carro ou de ônibus, mas a magrela lhe proporciona algo que esses veículos não possuem numa grande cidade, agilidade. O engarrafamento se transforma em um enorme quebra-cabeça, é necessário pensar rápido, ou o trânsito o engole. Quanto mais caótico o trânsito mais “divertido” é para Lorenzo. Acha o máximo ultrapassar, embrenhar-se nas brechas entre os carros, ouvir os insultos dos mais nervosos. Gosta de reparar as pessoas em seus carros nos sinais de trânsitos, sem contato com o externo, trancafiados naquela micro-atmosfera. Pela expressão de seus rostos percebe-se o nível do stress causado pelos engarrafamentos, enquanto Lorenzo se vê preso apenas quando o sinal fecha. “Abriu!”, primeira na magrela, “tchau e bença”. Na verdade Lorenzo a paixão de Lorenzo não é o transito, não é pela magrela, mas sim pela cidade, pela vida metropolitana, pela correria do dia-a-dia, pelo caos, pela agitação e tudo isso consome Lorenzo. Lorenzo é o típico urbanóide que nasceu em uma cidade do interior e felizmente deixou a “colônia” e transferiu-se para “metrópole”.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Papo de Morro


- Alô?
- Alô!
- Firmão truta?
- Pela Ordi!
- Fortalece o irmão, sangue!
- Pode crê!
- Quando volta aqui na quebrada?
- Quando o morro tiver as pampas, tá ligado?
- Tá sujeira, a cachorrada tá na área, fica na sua!
- Pode crê, fica na fé!
- Falou!
- Tô ligado...Some não!
- Fica com Deus!

sábado, 4 de julho de 2009

Lorenzo começou uma nova etapa em sua vida. Não mais usa aquela calça jeans desbotada, largou o velho tênis encardido, abandou os brincos, fez a barba, cortou o cabelo e se deixou engolir pelo sistema. Descobriu que era inútil lutar contra as imposições do capitalismo, teve que arrumar um emprego e se tornou escravo dele. Enforcado pela gravata, constrói um personagem para si mesmo durante a semana. É um excelente ator, atua como ninguém, aquele não é ele, é apenas uma máscara, uma proteção para si mesmo, uma fantasia que parece real. Lorenzo acha um saco tudo aquilo, mas não pode fugir, a vida tem suas chatices. Tudo era mais fácil quando era criança, a vida se tornou monótona com o passar dos anos. Para alguns esse processo se chama evolução, amadurecimento, para Lorenzo é cativeiro.
Ele tem consciência da sua insignificância perante o sistema, o sistema o despreza. É apenas mais um cartão de crédito perambulando na metrópole. Lorenzo não tem valor pelo que é, mas sim pelo que tem. Lorenzo é uma conta bancária, um carro, um apartamento da zona sul, umas roupas bacanas, o relógio em seu braço, o celular da moda. Essa parafernália o transforma em um grande merda. Porém para entrar em campo é necessário construir um personagem de merda, essa é a regra do jogo.