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sexta-feira, 27 de junho de 2008

As horas voam e nada ainda foi resolvido, o cheiro de sangue me persegue. Nada ainda foi resolvido, a sensação de desinteresse é permanente, vejo que acostumamos facilmente com o que é ruim. A cada momento aumenta a quantidade de corpos abandonados pelos corredores, o sofrimento está estampado nos rostos de quem passa por ali. A imagem de macas sujas de sangue não me sai da cabeça, realmente não valemos muito, tudo acaba em um buraco com sete palmos de profundidade.
Foi impossível reconhecê-lo naquela situação desconfortável. Ver um homem forte jogado as traças, completamente escondido atrás de ataduras e faixas, vencido pelo medo de ser levado pela morte, é algo que não quero lembrar.
Nunca pensei que teria frieza nesse momento e foi exatamente o que aconteceu, perdi a conta das vezes que vi aquela Van vermelha estacionando em frente ao açougue da carne humana, a cada nova viagem, uma nova tragédia fazia parte de minha madrugada, o frio não me incomodava mais, isso era insignificante naquele momento. Lembro-me perfeitamente dos choros, gritos, sussurros, e o desespero de quem esperava por informações do lado de fora, não sei qual a pior sensação, a falta de informação do lado de fora ou as imagens presenciadas no interior daquele lugar.
Percebi o quanto nosso moralismo é uma completa imbecilidade, nesse momento esquecemos nossas diferenças, o sofrimento é comum a todos, compartilhamos nossas tragédias, trocamos informações mórbidas como forma de consolo.
Ainda bem que tudo não passou de um grande susto.

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