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segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Dilacerado

Muitas vezes acabamos desviando nossas vidas para um rumo que de certa forma não nos transporta a lugar algum. É ruim sentir-se parado no tempo. A sensação de impotência é inevitável e inexplicável. Um pequeno deslize pode definir toda trajetória de uma vida, consertá-la parece impossível. Muitas vezes tomamos decisões completamente equivocadas acreditando fielmente que elas são as melhores possíveis. Errar é humano, mas fuder com sua vida não tem nada de engraçado. Lorenzo sente-se perdido. Não sabe qual caminho seguir. Sua vida está passando rapidamente debaixo de seu nariz, a sente escapar. Tem dia que acorda completamente animado e bem humorado. Há dias em que o desanimo simplesmente o derrota. Sente-se um traste, um fardo. Pensa nos últimos anos de sua vida a qual julgava os melhores. Hoje ele enxerga como seu caminho é recheiado por enormes pedras, e que nem sempre fez boas escolhas. Tem convicção que ainda há tempo para consertá-la. Lorenzo está cansado de ser julgado, de ser pressionado, de sentir raiva. Definitivamente este é o ano mais difícil e complicado de sua vida. Nunca pensou que a situação seria tão cansativa. Hoje ele está tenso, nervoso, chateado, e isso o derrota ao fim do dia. Lorenzo quer ser feliz. Felicidade, como deseja lembrar o significado dessa palavra, tempos que não a vê presente em sua vida. Não acredita que a situação possa piorar, chegou ao fundo do poço. É o momento mais complexo de sua vida, no fundo reconhece a importância deste momento para sua formação. Um aprendizado de vida faraónico. Sabe que essa tortura logo acabará, e sairá fortalecido dela. Nunca pensou que a vida fosse fácil nesse sistema de merda, mas também não esperava que fosse tão difícil.

domingo, 13 de setembro de 2009

Back into the hole where I was born


Lorenzo foi obrigado a parar sua moto antes da passagem de nível. Impedido por um segurança viu a cancela descer. De longe ouviu sua buzina imponente. Os trilhos começaram a estalar. Aos poucos a grande máquina apontou na curva. Após alguns segundos estava a sua frente, um amontoado de metal. Sentiu o cheiro do oléo diesel queimado. Sempre gostou de trem, mas aquele era especial, o famoso "trem de passageiros". Era exatamente sete e quarenta da manhã acabara de sair da Praça da Estação. Tirou o capacete para visualizá-lo melhor. Inevitável não lembrar das vezes que subiu naquele trem. Esperou atentamente pelo primeiro vagão, viu alguns olhares curiosos em sua direção. De suas janelas as pessoas espiavam. Eu de minha moto e os motoristas atrás de mim também espiavamos calados. Quando via um rosto sorrindo ficava a imaginar seu destino. Trem de passageiro, impossível não se encantar com ele.
Quando criança ao ler seus livros de história, Lorenzo imaginava uma viagem pelo interior do Brasil através dos trilhos. Sempre adorou filmes de faroeste em que ladrões saltavam de seus cavalos em direção aos trens de bancos. Quando criança o trem deixou de passar por sua cidade durante alguns anos. Recebeu com euforia a notícia que ele voltaria a passar por aquelas bandas. Sempre ouviu histórias da época em que ele passava nos trilhos perto de sua escola. Claro que no dia de seu retorno a aqueles trilhos, Lorenzo queria o ver com seus próprios olhos, ficou ansioso na escola. Ao apontar oito e cinquenta em seu relógio não se conteve, pulou o muro da escola para ver o trem passar. Ficou a beira daquele pontilhão metálico acenando para os passageiros do trem, achou o máximo. Voltou para escola mas a suspensão foi inevitável.Sua avó adorou a notícia do neto fujão. Mas valeu a pena.
Agora estava ali, na frente daquele trem anos mais tarde. As crianças acenavam dos vagões, não se conteve e ficou acenando para elas. Percebeu os olhares indiferentes de alguns motoristas, não se importou com isso.
Lorenzo adorou a primeira vez que subiu naquele trem, nem ligou para as doze horas de viagem, e nem com o minério prateado em seu rosto. Foi uma das melhores viagens que fez em sua vida, simplesmente por ter ido de trem. Sempre que volta a sua cidade dá um jeito de subir em algum daqueles vagões. Paisagem maravilhosa. Hoje ele desce logo na segunda estação, mas não tem problema, adora o pouco tempo de viagem. Sempre com sua câmera a mão, corre para área de fumantes. Adora aquele espaço, não pelo fato de poder fumar no trem, mas pelas amplas janelas que aquele espaço possui, excelente para fotografar a paisagem.
O trem sempre fez parte de seu imaginário, lembrou da fez que levou uma moeda para ser esmagada pelo peso daquela máquina, a guardou por muitos anos, pena que a perdeu. Sempre sonhou com viagens clandestinas em seus vagões, mas claro, nunca teve coragem para tal façanha. O tempo de moleque passou, assim como o trem a sua frente. A cancela sumiu, Lorenzo ligou sua moto e foi embora, mas seu fascínio por aquele grande máquina não o abandonará.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Lorenzo passou em seu blog hoje, isso mesmo que você leu, passou em seu blog, esse texto é sobre você mesmo, ele sorrir ao escrever isso. Sempre ao entrar na internet dá uma espiada, e fica pensando, será que ela escreveu? Sim, ela escreveu, "correr" para ler. Lorenzo entra em seu blog, não o dele, mas o seu mesmo cara leitora. Ficou impressionado quando o leu pela primeira vez, surpreendente ele pensou. Ficou com aquilo na cabeça, sabia que no primeiro momento, na primeira oportunidade falaria isso a vossa timidez, não resistiu, teve que elogiar. O encantamento dura até hoje, adorar ler seus textos. Nunca trocaram uma palavra antes, mas aquele blog quebraria o gelo. A rotina de Lorenzo mudou esses dias, anda sumido, porém sempre espia aquele blog, tornou-se um vício gostoso, adorou o encantamento, adorou seus textos. Nas memórias de Lorenzo faltava um texto sobre você, hoje ele escreve com mais frequência graças aquele blog. E ele é grato a você por isso. Novamente ele sorrir ao escrever issoe recomenda esse mundo é muito mais amplo e colorido que uma casca de ervilha.